Meus dias "vermelhos"...

Depois de vender pela primeira vez o copo de xixi para o Paul, comecei a reparar como homens aqui nos EUA estão dispostos a pagar bem por alguns itens pessoais que, para eles, são um objeto de fetiche sexual. Isso, claro, tem vários motivos, seja porque o cara viu algum tipo de pornografia que incluía tal objeto, seja porque nunca teve a coragem de compartilhar tal fetiche com sua namorada, esposa ou até mesmo ficantes. Procurar alguma menina pela internet que possa satisfazer esse desejo é fácil e anônimo. Mas é claro que vai ter seu preço. Talvez por isso seja relativamente fácil cobrar mais caro por itens pessoais um pouco menos usual ou mais estranho para a maioria das pessoas.

Eu sempre tive as minhas "férias" forçadas durante os dias da minha menstruação. Depois de começar a vender xixi, parei e pensei: poxa, podia tentar colocar um anúncio de calcinha usada com menstruação e até mesmo de absorvente usado (tipo o.b.).

Foi assim que conheci o Jeff. Um cara que mora em outra cidade e passou a comprar minha calcinha com menstruação e meu o.b. usado regularmente. Nosso relacionamento sempre é por e-mails e eu mando os "produtos" que ele compra sempre pelo correio. Certa vez, ele me disse que era casado, mas que nunca teve coragem de falar para sua mulher sobre esse seu fetiche por menstruação, por isso, recorria à internet.

Bem, isso tudo funciona da seguinte forma: ele deposita o dinheiro na minha conta (um tipo de PagSeguro dos EUA) antes e, quando eu recebo, eu mando tudo embaladinho para ele. Muitas vezes, alguns dias antes de eu começar a ficar menstruada, ele me lembra de que a época está chegando e que ele quer comprar mais. É até engraçado, parece que ele coloca na agenda dele para não se esquecer ou para eu não me esquecer de avisá-lo quando eu estou menstruada.

Jay, meu cliente amiguinho

Vou aproveitar que falei ontem do Paul para contar a história de um outro cliente fixo que também gosta de "crossdressing". Diferentemente do Paul, que gosta de se vestir de mulher para se sentir humilhado no contexto sexual, Jay é um garoto de mais ou menos 25 anos, com ascendência asiática e que também gosta de se vestir de mulher, mas por motivos bem diferentes.

A primeira vez que eu me encontrei com Jay, para vender a minha calcinha usada, ele me pagou a mais para me ver tirá-la na frente dele. Como eu não estava disposta a ir a nenhum lugar privado ou até mesmo semiprivado para vender calcinha (dentro de um carro ou do próprio banheiro do Starbucks, exemplos comuns de propostas que já recebi), falei que poderíamos nos encontrar no estacionamento aberto do complexo de lojas que o Starbucks ficava e, no meio dos carros estacionados, eu poderia tirar rapidamente a minha calcinha na frente dele.

Ele aceitou e tudo ocorreu exatamente como eu tinha proposto no email, exceto a parte em que ele mostrou que, por debaixo de sua calça, ele usava uma calcinha branca estilo fio-dental. Ele, claro, me pegou de surpresa e eu fiquei muito curiosa sobre aquilo. Ele me disse que usava frequentemente não só calcinha, mas lingerie e roupa feminina de uma forma geral. Ele compra muita calcinha, muito sutiã, muita meia, muito sapato de salto alto, muita saia... muita roupa de mulher!

Segundo ele, eu e algumas vendedoras das suas lojas preferidas são as únicas pessoas que sabem dessa sua obsessão. Elas já o conhecem e ele entra no provador das lojas femininas sem problema nenhum para provar as peças. Ele não é só obcecado por se vestir de mulher, mas de sair para ver roupas femininas e comprar. Nos nossos últimos encontros, ele sempre tem levado algum presentinho para mim. Já ganhei dele vestidos, calcinhas, meias e até sapatos de salto alto! Ele me diz que sai para comprar coisas para ele e, quando ele vê algo que é bem pequeno, ele se lembra de mim e compra junto com as suas coisas.

Uma vez, ele disse que viu um vestido muito bonito que ele gostaria de comprar, mas que ele não tinha muito corpo para usá-lo, então, decidiu comprar para mim, porque ainda não tinha me visto de vestido, e vestidos, segundo ele, caem muito bem nas pessoas. Sempre conversamos sobre roupa e lingerie. E, em todos os encontros, ele quer comprar a minha calcinha usada e me mostrar um novo "look".

Ele passou então a me encontrar usando um casaco sobretudo e, por debaixo dele, sempre tinha um visual completo, sem se esquecer de nenhum detalhe. Às vezes, ele se vestia com alguma lingerie, usando calcinha, corpete, cinta-liga e salto alto. Outras vezes, ele usava saia com alguma blusa bem feminina e, por debaixo, sempre uma calcinha fio-dental e sutiã, tudo com muita renda.

Sempre achei o Jay uma pessoa muito interessante e diferente. Ele disse que, provavelmente, tem mais roupas femininas do que masculinas, apesar de só usar as femininas em casa - em frete ao espelho - e para se encontrar comigo. Ele disse que, quando era adolescente, ele viu uma menina da sua idade usando uma minissaia e abaixando para pegar algo no chão. Ele conseguiu ver um pouco da sua calcinha naquele momento e ela estava usando uma calcinha fio-dental. Esse dia foi quando ele não apenas se sentiu excitado, mas também percebeu como ele achava bonito e sexy uma menina usando fio-dental e como ele queria sentir aquela sensação sexy. Depois desse dia, ele passou a comprar muitas calcinhas e lingerie. Tudo para se sentir mais sexy em frente ao espelho.

Hoje em dia, a gente ainda se encontra de vez em quando para eu vender a minha calcinha usada e para ele me mostrar o seu mais novo "look". Às vezes, antes de a gente marcar, ele me pergunta se eu tenho alguma preferência em relação à roupa que ele irá usar. Eu sempre dou a minha opinião. E, na maioria das vezes, ele me manda um email quando ele vai às compras, para me dizer e me mandar fotos das suas novas aquisições.

Na época de Halloween, é a única ocasião que ele diz que pode usar seus modelitos femininos sem se preocupar com o preconceito dos outros. Como todo mundo sabe, a maioria das pessoas gosta de viver no clichê e tem mania de se sentir superior a qualquer pessoa que fuja da mesmice e da estagnação cotidiana.

Quando meu xixi passou a ter valor

Paul é um dos meus clientes fixos mais interessantes atualmente. Um cara com mais ou menos 40 anos, solteiro, gerente de uma loja de eletrônicos e com fetiche por xixi, "crossdressing" e masoquismo. Simplificando, "crossdresser" é a pessoa que, por qualquer razão ou em qualquer ocasião, gosta de se vestir do sexo oposto.

Seu primeiro email para mim foi: "gostaria muito de me encontrar com você, mas não para comprar a sua calcinha, mas para comprar um copo do seu xixi". E foi assim que Paul me deu uma boa ideia de como ganhar dinheiro em outras "áreas".

Apesar de não saber muito bem como as coisas iriam acontecer, gostei bastante da ideia dele. Nos encontramos no Starbucks e, quando cheguei lá, Paul já estava me esperando com dois copos na mão. Um era do seu café e o outro era um copo vazio, que ele tinha pedido extra. Sentamos e tivemos aquela conversa normal sobre o que eu estou fazendo nos EUA etc. Em uma hora da conversa, eu falei que iria ao banheiro (nesse ponto, eu já estava superapertada para ir ao banheiro, porque tinha tomado muita água antes de sair de casa) e peguei o copo vazio de cima da mesa. Fui ao banheiro, fiz xixi no copo e voltei pra mesa.

Logo quando entreguei o copo cheio de xixi, Paul me perguntou se eu me importaria de ficar sentada conversando um pouco mais e se teria problema de ele beber meu xixi durante a conversa. Mesmo sendo óbvio que ele iria beber meu xixi, ele me pegou de surpresa ao dizer que iria beber assim informalmente, ali na mesa. Não, não senti nojo, não achei horrível e não me chocou muito menos. Diferentemente do que a editora da revista Marie Claire escreveu sobre a minha reação ao ver Paul beber meu xixi na minha frente, achei tudo muito interessante, ainda mais do ponto de vista de como certos fetiches sexuais funcionam. Imaginei que ele iria querer beber em uma ocasião que ele pudesse se masturbar. Acho que todo mundo tende a pensar que, quando você tem em mãos algum objeto que é um fetiche para você, você vai querer se masturbar e gozar. Como ele não poderia fazer aquilo no Starbucks, imaginei que ele iria levar pra viagem! :)

Passamos a nos encontrar com mais frequência para o copo de xixi, até quando veio a proposta da chuva dourada (fazer ou receber xixi em/de alguém). Sempre tive a preocupação com a minha segurança e me encontrar num lugar público para vender calcinha era algo que eu não abria mão, mesmo caras querendo pagar mais pra eu, por exemplo, tirar a minha calcinha no carro deles. Mas, como eu já me sentia confortável com o Paul, achei que poderia ser mais um meio interessante de se ganhar dinheiro fácil e rápido. A proposta era eu fazer xixi nele, sem nenhum contato físico entre a gente, enquanto ele se masturbava.

Mesmo um pouco receosa por causa da minha segurança, aceitei a proposta e falei que um amigo iria me levar e me esperaria do lado de fora. Assim que aconteceu a minha primeira chuva dourada paga. Foi no banheiro da casa dele que ele se deitou sem roupa nenhuma no chão e eu, em pé, comecei a fazer xixi no corpo e na boca dele, enquanto ele se masturbava.

No segundo encontro, foi quando Paul ficou mais interessante ainda. Ele estava vestido de mulher (lingerie, peruca e salto alto!), com uma corda amarrada no saco e me esperando do lado de fora da casa dele! Ele queria que eu pegasse a corda e o levasse pra dentro de casa, como se ele fosse um cachorro em uma coleira. Queria que eu o fizesse deitar no chão e continuasse a puxar, com força, a corda amarrada no saco dele! Basicamente, ele gostava de humilhação, dor física e xixi, no contexto sexual. Enquanto eu fazia xixi nele, eu puxava a corda com força. Depois de terminar de fazer xixi, ele pedia pra eu continuar a puxar a corda e começar a chutar o seu saco, enquanto ele terminava de se masturbar. Pronto, depois de gozar, ele levantava do chão, todo mijado, e sorria pra mim.

Durante a sessão de xixi, ele se colocava como uma pessoa muito submissa, falando toda hora com uma voz muito baixa: "yes, miss elza". Ele sempre me olhava pouco e com cara de uma pessoa muito tímida e calada, me pedia permissão para coisas simples como "posso olhar agora pra você?". Mas, logo depois que terminava a sessão, ele passava a me olhar normal, dizendo: "that was great, thanks, elza!". A partir desse momento, eu deixava de ser "miss elza" para ele e voltava a ser só "elza". Parecia que eu estava em uma peça de teatro (tanto ele como eu) e eu estava começando a formar uma outra personagem, que durava apenas os 10 minutos de eu fazer xixi e de ele gozar. Divertido e, melhor ainda, lucrativo!

A partir daí, meu anúncio nos classificados online ganhou um novo formato, com novas opções à venda: calcinha usada, calcinha com xixi e copo de xixi. E, para minha surpresa, eu acabei recebendo muitos emails de caras querendo comprar meu xixi, às vezes mais até do que os emails de pessoas que só estavam interessadas na minha calcinha usada. Xixi vende também... e muito!

Starbucks, o lugar preferido


Depois de vender a minha primeira calcinha para o David em um café perto da faculdade que eu estudava, vi que essa era uma forma muito fácil, divertida e segura de se ganhar dinheiro. Apesar de alguns amigos meus me questionarem sobre essa segurança, nunca me senti ameaçada em nenhum momento nesses quase 3 anos.

Normalmente, muitas pessoas conhecem outras pessoas aleatoriamente pelas ruas ou até mesmo pela internet. E não é pelo fato de eu estar vendendo um objeto de fetiche que eu vou achar que essas pessoas são estranhas e "taradas" em um mau sentido. Acho normal e saudável qualquer pessoa que consuma e produza pornografia e seus afins de forma sã e consentida. Além disso, calcinha usada de uma menina não é um fetiche nada "hardcore" e está longe de ser algo superpervertido. Quem acha o contrário, creio que falta um pouco de informação e, até mesmo, imaginação! :)

Até agora, todos os meus encontros foram muito tranquilos. O meu lugar preferido para se encontrar é no café Starbucks. É ótimo porque é sempre movimentado e tem em quase todas as esquinas daqui. E o assunto preferido sempre é sobre coisas superficiais da minha vida e, curiosamente, poucos tocam no assunto sobre calcinha.

No início, eu sempre marcava os encontros em um café-restaurante perto da faculdade e sempre era na hora do almoço, logo depois da aula. Então, normalmente a gente acabava almoçando (eles pagavam sempre por tudo), o que fazia o encontro durar mais ou menos 45 minutos. Depois de alguns meses, eu fiquei um pouco sem paciência de gastar tanto tempo e passei a marcar no Starbucks.

Os encontros passaram a ser mais curtos e agora eu só sento para conversar quando eles pedem. E, quando eu quero já ir embora, interrompo o assunto dizendo que eu vou ao banheiro. Essa é uma boa tática para terminar com o encontro, que não dura mais do que 10 minutos.

Hoje em dia, eu acabo gastando mais tempo geralmente com os meus clientes fixos. Alguns caras compram regularmente a minha calcinha e o contato com a pessoa que está vendendo acaba sendo uma parte que está incluída no pacote. Esses têm mais interesse em saber mais sobre a minha vida e em criar um tipo de relacionamento comigo. E são eles os que costumam me pagar melhor.

Por que o nome Elza

Eu sei que Elza não é um dos nomes mais atraentes para se escolher. Mas surgiu de uma brincadeira e agora, se alguém gritar "Elza" na rua, eu estou olhando! :)

Estava um dia conversando com o meu namorado sobre a possibilidade de realmente começar a vender minha calcinha e ele me perguntou: qual nome você vai escolher? Sem pensar muito sobre o assunto, eu falei: Elza! Isso porque eu sempre achei muito engraçado que, nos EUA, muitos asiáticos trocam seus nomes para "nomes americanos", porque eles acham que os seus nomes são muito complicados para as pessoas pronunciarem. Meu namorado tem 2 amigas asiáticas que escolheram o nome Elza, quando vieram morar aqui nos EUA. As duas são amigas hoje em dia e se chamam Elza agora. Então, brinquei com ele que eu queria me chamar Elza também. E foi assim que surgiu o meu outro nome.

Meu primeiro cliente, David

Apesar de já fazer uns 3 anos, eu ainda me lembro bem do meu primeiro encontro para vender a minha primeira calcinha. O nome dele, ou pelo menos o nome que ele usava comigo, era David. Ele era um fotógrafo profissional, aparentando ter uns 35 anos, e com ascendência japonesa.

Marquei com ele depois da minha aula da faculdade, em um café perto de lá. Coincidentemente, ele trabalhava na mesma universidade e ainda tinha o mesmo sobrenome que eu tinha escolhido pra mim.

Eu não estava nervosa com a situação, estava mais na expectativa de ver se esse tipo de negócio realmente funcionava. No início, quando meu namorado me contou sobre isso, ainda duvidava se esse tipo de trabalho realmente poderia ser bem-sucedido financeiramente.

Quando me aproximei do café, David estava em uma mesa do lado de fora e se levantou para me cumprimentar. Ele não tinha me mandado foto dele, só ele que sabia como eu era. Sentei com ele e ficamos conversando sobre coisas aleatórias, como o que eu estava fazendo nos EUA, como era minha vida no Brasil etc. Em nenhuma parte da conversa, o assunto "calcinha" foi tocado ou ele pediu para ver se eu realmente estava usando a calcinha que iria dar para ele, nunca nesse encontro.

Ele tomou um suco e eu comi uma torta de chocolate, enquanto conversávamos (tudo pago por ele, claro). Acho que ficamos uns 15 minutos conversando e, quando percebi que os assuntos estavam acabando, disse que iria ao banheiro. Ele riu e, sem dizer nada, me estendeu o dinheiro.

Fui, então, ao banheiro para tirar a calcinha e colocá-la em um saquinho de plástico da Hello Kitty, aquelas sacolas para festas de aniversário de crianças. E tinha levado, na bolsa, uma calcinha extra pra não ir embora sem estar vestindo nenhuma. Voltei para mesa, entreguei o saquinho e nos despedimos com um aperto de mão.

Ele me deu, naquele dia, 75 dólares. Isso foi 15 dólares a mais do que a gente tinha combinado por email. Os negócios começaram bem!

Como surgiu a ideia de vender calcinha

Há uns 3 anos, quando decidi ir à Califórnia para estudar e passar mais tempo com meu namorado (americano que também morava na CA), ele comentou sobre a possibilidade de eu tentar ganhar dinheiro da mesma forma que uma amiga ganhava: vendendo sua calcinha usada.

Basicamente, funcionaria da seguinte maneira. A forma de divulgação seria por meio de anúncios publicados em classificados online direcionados a "serviços adultos". Por email, todos os detalhes seriam combinados, como data e local para se encontrar. Eu, então, me encontraria com o cara, ainda usando a calcinha, em um café. Ele me daria o dinheiro e, em seguida, eu iria ao banheiro para tirar a calcinha e a colocaria em um pequeno saco plástico. Voltaria para a mesa para entregar a calcinha e me despediria.

Foi assim que já perdi a conta de quantas calcinhas eu já vendi, tanto me encontrando com os caras, como vendendo pelo correio.

Por que fazer um blog

Depois da publicação de uma matéria na seção "Eu, leitora", da revista Marie Claire, pensei mais na possibilidade de eu mesma registrar algumas experiências e pensamentos sobre a forma com que eu tenho ganhado dinheiro nos últimos anos.

Com um pouco de receio em relação à minha privacidade, ao dar um depoimento sobre esse meu trabalho a um amigo jornalista, pedi que minha identidade e alguns detalhes fossem mudados na publicação (detalhes modificados que apenas assegurariam o meu anonimato, mas nada afetariam a ideia principal da história). Porém, a editora responsável pela matéria acabou modificando tanto a história toda, que acabou sendo criada uma ficção baseada em fatos reais e em, principalmente, preconceitos.

http://revistamarieclaire.globo.com/Marieclaire/0,6993,EML1693688-1749,00.html

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